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Tela Sociológica exibirá filme "Vidas Secas"

19/11/2018 10:57

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A Universidade Federal do Piauí (UFPI) realizará  mais uma programação da Tela Sociológica sobre a obra Vidas Secas. O evento acontecerá na Sala de Vídeo II do Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL) no dia 22 de novembro, às 18h.

A Tela Sociológica é promotora do diálogo entre literatura e cinema, duas fontes para a pesquisa sociológica. Poliglotas, possibilitam o acesso aos mais urgentes e relevantes temas da vida cotidiana. A língua portuguesa registrou um clássico encontro entre dois dos seus mais expressivos criadores: o escritor Graciliano Ramos e o cineasta Nelson Pereira dos Santos. Vidas Secas é o título da obra que possibilitou a aproximação entre os talentos do escritor e do diretor cinematográfico. O citado livro, publicado em 1938, comemora em 2018 o seu aniversário de 80 anos. O filme homônimo é datado de 1963, preto e branco para as imagens “dos galhos pelados da catinga rala”. Marcha de quem secou os olhos por conta de “nenhuma nuvem bonita pra chover”. Caminhos abrasados e espinhosos percorridos por quem via “o voo negro dos urubus” fazendo “círculos altos em redor de bichos moribundos”. Gente andarilha em um deserto pisado pelas alpercatas de criaturas famintas, cansadas e feridas. Estrada de Canindé a pé ou de pau de arará? Via sacra de penosas estações. Jesus sertanejo e um “viva meu padim”.

“Condenados” e “excomungados” pelo fazer político dos mandões dos áridos territórios. Fabiano, Sinhá Vitória, o Menino Mais Novo, o Menino Mais Velho e a cachorra Baleia são os protagonistas de uma trágica narrativa brasileira, em especial a nordestina. Um dos brasis, o pobre, é desnudado pelas letras e lentes de dois pensadores brasileiros. Cada um, na sua linguagem textual, lança o seu singular olhar sobre a pobreza construída socialmente. A dupla desnaturaliza um drama social que resulta das injustiças e desigualdades estruturais produzidas ao longo de um secular processo histórico. Narrativas realistas das profundezas de um país de excluídos. Grandes sertões e veredas trilhadas pelos abandonados Fabianos e seus familiares de ontem e os de hoje. Sertanejos continuam sendo mandados “para lá”. “Que iriam fazer?” Migrações romanceadas e filmadas pelas sensibilidades dos artesãos da nossa cultura. Nas páginas e nas telas, secura e beleza rebentam das concepções arteiras dos dois criativos brasileiros. Personalidades faróis em práticas discursivas consistentes, críticas e incômodas. Para ler, ver e pensar. Aplausos para Graciliano Ramos e Nelson Pereira dos Santos.

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 Cena do filme Vidas Secas

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