O Grupo de Geoquímica Orgânica da UFPI já tem o seu primeiro fruto no estudo de petróleos de bacias sedimentares brasileiras. O trabalho de mestrado do então aluno Gustavo R. de Sousa Jr, teve por objetivo estudar a presença e distribuição de biomarcadores que pudessem fornecer informações a respeito, por exemplo, do paleoambiente deposicional, da origem, da biodegradação e maturação de óleos.

      Dentre a variedade de estruturas de biomarcadores existem os carotenoides aromáticos. Esses compostos são derivados de componentes presentes em sulfobactérias verdes fotossintetizantes (Chlorobiaceae) que necessitam, obrigatoriamente, de luz e H2S (ácido sulfídrico) livre para realizar a fotossíntese no corpo aquático. A região da coluna d’água que reúne essas condições é chamada de zona fótica anóxica e tem grande importância na preservação de matéria orgânica.

No caso particular da Bacia de Sergipe-Alagoas, o estudo detectou e identificou a presença de vários derivados de carotenoides aromáticos, dentre outros indicativos de zona fótica anóxica. Juntamente com outros dados geológicos, as amostras foram identificadas como sendo depositadas no intervalo do Aptiano-Albiano (125-100 milhões de anos atrás).

Sabe-se da geológica que, durante esse período, os continentes africano e sul-americano estavam em separação, isto é, a formação do atual Oceano Atlântico. Nesse proto-oceano é que se formaram as bacias sedimentares marginais brasileiras. Os carotenoides aromáticos da Bacia de Sergipe-Alagoas, portanto, nos informa que, durante a abertura do Oceano Atlântico, a coluna d’água passou por momentos de anoxia, o que resultou em elevada deposição e preservação da matéria orgânica. Isso explica, em parte, as elevadas acumulações encontradas na Bacia de Sergipe-Alagoas.

O trabalho completo pode ser encontroado em:

http://dx.doi.org/10.1016/j.orggeochem.2013.07.009