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Projeto Acadêmico

 

O MEE tem como área de concentração Ética e Epistemologia, sendo essa escolha justificada tanto por aspectos contingentes quanto programáticos, estes últimos de importância fundamental, já que definem o perfil filosófico do Departamento de Filosofia da UFPI. O aspecto contingente da escolha refere-se aos interesses de pesquisa que caracterizam a composição originária dos professores doutores do Departamento de Filosofia da UFPI. Os interesses de pesquisa se concentram nas áreas de Ética e Filosofia Política e de Epistemologia e Filosofia da Linguagem sendo que essas pesquisas, em sua quase totalidade, têm como objeto problemas de Filosofia contemporânea. Dessa forma, o Curso de Mestrado em Ética e Epistemologia tem forte inclinação para a Filosofia contemporânea, fato esse que não implica o não acolhimento de pesquisas em história da Filosofia, já que o perfil filosófico do Departamento de Filosofia da UFPI será definido em termos da adesão, por parte de seus membros doutores, de uma mesma perspectiva metodológica, e não em termos dos mesmos interesses em um determinado período da história da Filosofia; o aspecto programático explica-se pelo fato de que os professores doutores do Departamento de Filosofia da UFPI compartilham a visão de que a pesquisa filosófica deve buscar a conciliação entre a visão científica do mundo com o que poderíamos chamar, em termos amplos, de “humanismo”, ou seja, a visão segundo a qual a subjetividade e a investigação histórica têm importância primordial para a correta compreensão do mundo.

A partir dessa visão compatibilista, consideramos qualquer tendência reducionista, quer seja a construção de um quadro eliminativista com respeito ao humano, quer seja seu extremo oposto, a consideração da experiência humana sem qualquer compromisso com o conhecimento científico estabelecido, como distorções que devem ser evitadas. Essa postura básica comum, que leva em conta as críticas à modernidade filosófica e, em especial, à visão moderna do que seja uma pessoa e do papel da ciência, desde aquelas produzidas por céticos como Nietzsche e M. Foucault, até aquelas produzidas por autores que defendem uma visão substantiva da ética, como C. Taylor e A. MacIntyre, além das críticas ao Iluminismo produzidas pelas diversas gerações da Escola de Frankfurt, nos constitui como um grupo coeso de pesquisadores.

A perspectiva compatibilista adotada tem como conseqüência a escolha de uma visão peculiar do método filosófico. Correndo o risco de uma descrição um tanto estereotipada, podemos dizer que a visão comumente encontrada no meio filosófico nacional é dicotômica, ou seja, para os adeptos da hermenêutica filosófica, a hermenêutica é o lugar-tenente daqueles que lutam contra o cientificismo característico da filosofia analítica; por outro lado, os defensores da filosofia analítica supõem que as visões “não-analíticas” carecem da objetividade mínima desejável para a Filosofia que se quer científica. Consideramos que a oposição radical entre o método analítico e o método hermenêutico é historicamente datada e inútil, pois não reflete o estado atual da discussão filosófica, muito mais matizado e interessante; dessa forma, defendemos uma visão metodológica que estimule o diálogo entre a hermenêutica e a filosofia analítica, sem perder de vista as especificidades de cada uma delas.

A originalidade de nossa proposta está, exatamente, nessa visão do método filosófico, que define tanto o perfil filosófico do Departamento de Filosofia da UFPI quanto nossa identidade e coesão como grupo de pesquisa. De fato, se examinarmos os desenvolvimentos mais recentes da discussão filosófica, tanto no campo da Ética e da Filosofia Política quanto no campo da Epistemologia e da Filosofia da Linguagem, o que se observa é um movimento de diálogo e mesmo de convergência entre as duas perspectivas, convergência essa que chega a tal ponto, em alguns casos, que não parece permitir o estabelecimento de uma demarcação rígida entre elas.

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