Na década de 80, Francineide Pereira ingressou na militância estudantil e foi destacada para cuidar da temática da violência contra a mulher. Ficou apaixonada pelo tema, que acabou definindo seus interesses de estudo enquanto pesquisadora. "Fui para a PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) tentar descobrir por que após meter a colher na briga de marido e mulher, tinha a impressão profissional que as instituições não ajudavam a resolver, a situação se repetia", declarou.

Na PUC, a pesquisadora descobriu os Estudos de Gênero e ficou interessada pelo debate sobre a masculinidade e a persistência da dominação masculina mesmo com a luta secular para a igualdade de gêneros. Esse interesse resultou na tese de doutorado que agora foi transformada no livro "Seja homem!" - Produção de masculinidades em contexto patriarcal. O livro será lançado no próximo dia 17 de setembro, na Sala Camilo Filho, no Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL/UFPI).

"Seja homem!" - Produção de masculinidades em contexto patriarcal

Em sua obra, a professora da Universidade Federal do Piauí vai na contramão das afirmações de que estamos no milênio das mulheres e argumenta: "Eu levava na minha experiência profissional a violência contra a mulher e começava por essa pergunta: se tem novos homens e novas mulheres, por que que a violência só aumenta? A violência contra a mulher é um grande indicador que as masculinidades podem estar se modernizando para se adequar às mudanças, mas modernização é sempre modernização, é uma forma de reconquistar espaço para permanecer dominando."

Para chegar aos resultados da pesquisa, a professora investigou as relações de oito homens, escolhidos de forma aleatória. E foi numa dessas histórias que encontrou o título da tese e agora do livro. "Um entrevistado disse que, na infância, o pai o prendia no quarto e o sacudia pelos ombros dizendo: ‘Seja homem!'. É uma frase muito ouvida, afirmando ou induzindo os meninos".
Formada em Serviço Social, Francineide Pereira é professora do Curso de Serviço Social e da Pós-graduação em Sociologia na UFPI. Ela define a obra como importante para estudos da área, por que permite a compreensão aprofundada desses processos sociais e, assim, pode contribuir para evitar que o profissional reforce preconceitos. "Também faz com que a gente ajude as pessoas a se transformarem ao invés de somente deixarem na defensiva", esclarece.

Em suas pesquisas, a professora tem o tema da violência contra a mulher como um norteador e destaca que é preciso superar o comportamento violento, que é induzido. "Para acabar com a violência, temos que buscar a igualdade de gênero, buscar formar pessoas e homens propensos à negociação, não propensos à violência", finaliza.

Lançamento

O livro tem 212 páginas e foi editado pela Editora CRV. A solenidade de lançamento e autógrafos será aberta e começa às 17h, do dia 17 de setembro, na Sala Camilo Filho, no Centro de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do Piauí (CCHL/UFPI).