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HVU realiza pela primeira vez cirurgia ortopédica em ganso

HVU realiza pela primeira vez cirurgia ortopédica em ganso

28/02/2011 18:57

O Hospital Veterinário da UFPI realiza uma média de 100 cirurgias por mês. Entre os pacientes estão cães, gatos e outros animais tipicamente domésticos, que costumeiramente convivem com o homem. Mas essa rotina mudou quando um animalzinho diferente apareceu por lá. Um ganso, mais conhecido por Bill, foi levado ao HVU com uma asa quebrada e logo se tornou o centro das atenções. O professor veterinário Dr. Marcelo Campos Rodrigues explica que o interesse pelo animal se deu pelo fato de que o uso de cirurgias corretivas para redução de fraturas é incomum em animais que não sejam domésticos. "Não é um caso corriqueiro a cirurgia em aves, porque não se vê as aves de forma afetiva, só como animal de consumo".

O ganso Bill passou por uma cirurgia corretiva para voltar a andar

A cirurgia realizada no ganso consistia apenas em colocar uma prótese para consertar a fratura da asa, mas devido à localização da mesma, foi um procedimento difícil de realizar. Segundo o Dr. Marcelo, a complexidade da fratura se deu por estar próxima da articulação e, além disso, porque os ossos são pneumáticos (ocos e cheios de ar, para facilitar o vôo). "A preocupação era a de colocar uma prótese que fosse leve e permitisse o vôo, a fim de não comprometer a articulação e o batimento das asas, pois os ossos são muito leves", conta. A idéia era alinhar a fratura, contribuindo para a formação do calo ósseo, o que, por sua vez, possibilita a articulação plena da asa.

Raio-x da articulação da asa antes e depois do procedimento, já com o pino

O ganso, que vive em ambiente rural, deu entrada na emergência do HVU no dia 22/03 (terça) e, após o diagnóstico - constatado através do raio-x da asa, o animal ficou sob efeito de antibióticos, antiinflamatórios e analgésicos até que a cirurgia fosse realizada no dia 24/03 (quinta). Na ocasião, foi inserido um pino ortopédico intramedular, associado a uma braçadeira de nylon auto-estática, para evitar a fratura longitudinal do osso, ocado e frágil. Após o procedimento, ainda sob efeito da anestesia, foi colocada uma bandagem, trocada diariamente. Durante o período, o ganso foi solto para que pudesse exercitar o vôo e fortalecer a asa cirurgiada. Feito o exame radiológico para verificar se estava tudo bem com a prótese, a bandagem foi finalmente retirada, a medicação suspensa e hoje (28/02), Bill foi liberado e já vai para casa.

O médico mostra o local onde foi colocada a prótese

O prof. Dr. Marcelo conta que a experiência de cuidar do ganso foi interessante, entre outras coisas, porque ultimamente as pessoas têm apresentado uma maior sensibilidade com este tipo de animal de consumo e procuram cuidar mais, ainda que depois vá para consumo humano. O grande desafio, para ele, foi realizar a cirurgia corretiva em um animal que não possui muitas especificações técnicas documentadas para este tipo de procedimento. "Não existe na literatura a descrição de técnicas cirúrgicas para gansos. Existem muitas exemplificações detalhadas usando cães, gatos, bovinos, mas não para essa especialidade de animal. A equipe cirúrgica deve ter a sensibilidade de saber onde, como abrir, o que fazer, que instrumentos usar. Levamos em consideração o peso do pino, o tipo de osso, com a finalidade de dar o máximo de estabilidade à ave", revela.

O Prof. Dr. Marcelo Campos disse que essa pode ser considerada uma cirurgia rara no HVU

A operação, feita pelo Prof. Dr. Marcelo Campos e auxiliada pelo médico veterinário doutorando Wagner Costa Lima e pela doutoranda Dayanne Silva Dantas Lima (assumindo a função de anestesista), foi acompanhada pelos estagiários do curso de Veterinária. "Nós fazemos questão que os estagiários e residentes assistam à cirurgia." Para o Prof. Dr. Marcelo, essa iniciativa é importante porque desperta o alunado principalmente para a questão conservacionista. "Eles têm que estar preparados para fazer cirurgias em animais exóticos, de extinção. A conservação do animal está em evidência. É preciso ser sensível em relação à dor do animal, porque eles sentem tanto quanto os humanos".

A cirurgia realizada no ganso Bill foi um sucesso

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