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Pesquisa com embriões bovinos produzidos in vitro é pioneira no PI
13/08/2010 15:45A Universidade Federal do Piauí vem, nos últimos anos, investindo no desenvolvimento da pesquisa acadêmica, por meio de incentivos financeiros e estruturais, com o intuito de criar novos nichos de estudo no âmbito universitário. Tais pesquisas funcionam como uma via de mão dupla, graduando seus pesquisadores e, ao mesmo tempo, beneficiando a população, na medida em que promovem novas descobertas no campo da ciência.
É através desse processo que, atualmente, pesquisas voltadas para a produção in vitro de embriões animais se tornaram possíveis dentro da universidade. Pesquisas desse tipo já estão sendo realizadas nas espécies bovina, ovina e eqüina, através de projetos envolvendo doutorandos e mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (PPGCA) do CCA - UFPI, projetos estes precursores de uma linha de pesquisa pioneira no Piauí.
No final de 2006, foi criado o Laboratório de Biotecnologia da Reprodução Animal (LBR), localizado no CCA e construído com recursos do CT-INFRA e da própria UFPI. Dentre as propostas do laboratório, algumas já consolidadas, a produção in vitro de embriões (PIV) é a mais promissora, particularmente em bovinos e pequenos ruminantes (ovinos e caprinos). Coordenado pelo Prof. Dr. José Adalmir Torres de Souza e constituído por uma equipe de quatro doutorandos, três mestrandos, dois acadêmicos da Iniciação Científica (PIBIC) e quatro estagiários do curso de Veterinária, a idéia do projeto de pesquisa é intervir laboratorialmente no processo de reprodução animal, a fim de aumentar a capacidade produtiva de fêmeas de condição genética superior.
O Prof. Dr. José Adalmir coordena um projeto de pesquisa sem precedentes no Piauí
A técnica de fertilização in vitro (FIV) consiste, primeiramente, na obtenção de oócitos de folículos de ovários provenientes de animais de boa genética (doadoras de embriões), o que é feito através da punção dos folículos, guiados por ultrassom. Uma vez obtidos, esses oócitos são maturados (MIV) sob condições de temperatura, pressão e umidade controladas, ou seja, em estufas de cultivo celular (estufas de CO2). Em seguida, é feita a fertilização propriamente dita, (fertilização in vitro - FIV), que se dá após a avaliação e capacitação dos espermatozóides utilizados no processo. Esse material (oócitos e espermatozóides) é novamente colocado em estufa de CO2 para cultivo (CIV), por um período de até 7 dias. Durante esse tempo, monitora-se o desenvolvimento dos embriões até a condição de blastocistos, o que se dá entre o 5º e o 7º dia. Por fim, estas estruturas serão transferidas para fêmeas de menor valor genético (receptoras de embriões) através de um processo denominado inovulação.
Oócitos maturados
Por esta técnica, quantitativamente, é possível adquirir, em cada seção de aspiração folicular, em torno de 100 oócitos em cada sessão de colheita. Esses oócitos podem gerar até 50 blastocistos (50% de eficiência), obtendo até 25 prenhezes ao ano (50% de eficiência), o que permite diminuir o intervalo entre gerações e maximizar o potencial genético da fêmea doadora. "Tratando-se de bovinos, uma vaca tem possibilidade de produzir, em condições naturais, apenas 1 bezerro por ano, ao passo que, com o processo de fertilização in vitro, podem-se obter 25 ou mais bezerros por ano", conta o Prof. José Adalmir.
Embriões bovinos de produção in vitro
Outras biotécnicas reprodutivas associadas à PIV também estão sendo desenvolvidas paralelamente, como a criopreservação (congelamento) dos próprios blastocistos para uso posterior, bem como a bipartição embrionária por micromanipulação, para produção de gêmeos idênticos (homozigóticos), podendo ainda, nessa oportunidade, se determinar o sexo do embrião, antes da inovulação.
Entre os pós-graduandos envolvidos nesse projeto, o doutorando Felipe Jesus Moraes Jr. está desenvolvendo a sua tese, cujo tema é "Efeito do Hormônio do Crescimento na produção in vitro de embriões bovinos de vacas da raça Nelore", com base nessa pesquisa. Ele revela que essa técnica já é praticada em outros centros onde a pecuária bovina é mais expressiva, mas que, no Piauí, esse processo tem um caráter de pioneirismo, já que não havia sido feita ainda no Estado. "Na minha dissertação, eu trabalhei nessa mesma linha de pesquisa, porém com a técnica de Transferência de Embriões (TE), ou seja, com a obtenção de embriões produzidos in vivo, utilizando também o hormônio do crescimento, a fim de melhorar a qualidade das estruturas embrionárias. No entanto, a produção in vitro em bovinos é a primeira ação nesse sentido, tanto na UFPI quanto no Piauí", relata.
Felipe monitora o desenvolvimento dos embriões através da análise microscópica
Segundo o Prof. Adalmir, essa técnica é de grande valia para os criadores, já que eles podem utilizar-se dos resultados desta como uma forma de explorar de maneira mais racional e produtiva o potencial genético dos seus animais. "Essas técnicas de multiplicação embrionária, na prática, só têm sentido se forem para explorar o potencial genético e melhorador das matrizes (vacas) consideradas superiores, gerando mais renda para a atividade pecuária".
Laboratório de Biotecnologia da Reprodução Animal
Déborah Valente - COORDCOM UFPI
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