Cineclube Olho Mágico volta hoje (30), às 18h, na sala 447 do CCE, com nova proposta para os cinéfilos. Encerrado o ciclo metalingüístico, as palavras "presente" e "surpresa" nunca carregaram tanto significado. Explica-se: O novo ciclo do grupo, batizado de "Naquele Instante", vai dar aos presentes, nas quatro últimas sessões do ano, cinco opções de escolha. As indicações são colaborativas e democráticas. Todos sugerem, todos votam, todos escolhem. Vence o longa mais aclamado.

E desde já, os candidatos para a abertura do novo ciclo:

A - O filme "Entre os muros da Escola", de Laurent Cantet, expõe o abismo cultural e social que existe nas salas de aulas das escolas públicas na França. Entre alunos de camadas sociais diferentes, e entre eles e o professor. Uma reflexão sobre problema que também é aplicável dentro da realidade brasileira. Com estética singular, o filme foi ganhador da Palma de Ouro em Cannes, no ano passado.

B - Ácido, dramático, barulhento. A cada filme, chacoalha uma série de tabus como quem chuta uma colméia de abelhas africanas. Se a descrição acima parece hipérbole, perde o tom de exagero quando falamos em Pedro Almodóvar. A segunda opção de filme é "Má Educação", um de seus últimos trabalhos. Expressões-chave: Pedofilia, homossexualismo, abuso sexual, crimes na igreja.

C - "Persépolis", de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi, é um desenho animado para adultos. Ou para quem se despede da adolescência. A animação em longa-metragem, trabalhada no preto e branco, fala sobre uma garota iraniana que ultrapassa de forma consciente a linha entre a infância e a maturidade. Desmanchar das fantasias sobre a realidade brutal da revolução islâmica, transpostos para o desenho de forma encantadora, fazem do filme uma ótima opção.

D - O quarto candidato, a também animação "A Valsa com Bashir", adentra dois mundos perturbadores. Um metafórico, outro real. A o imaginário fica por conta dos pesadelos do protagonista, mote do filme. O real esbarra no conteúdo dos sonhos e da mensagem do filme: Conflito entre Israel e Palestina, imagens de sangue, horror e trevas psicológicas frutos da culpa que permeia a guerra. Longe do entretenimento, um filme com assunto denso para discussão filosófica.

E -  Quem é você?  O que quer da vida? Qual o sentido da sua vida? Quem você ama? Quem deixa de amar? Não consegue responder as perguntas? Se a resposta é um instintivo "não", escolha esta opção de filme. O diretor Wes Anderson mostra que é possível fazer um dos melhores filmes dos últimos tempos sem um roteiro específico em "Viagem a Darjeeling".  Senso de humor absurdo, trilha sonora impecável, e o ponto de interrogação que acompanha o espectador e os personagens em uma viagem estapafúrdia pelos bretões da Índia.

Lembrando que todas as sessões são acompanhadas de discussões para trocas de percepções. O Cineclube Olho Mágico está, como sempre, aberto: A entrada é gratuita.

Igor Prado - Bolsista CoordCom

Fonte: Igor Prado