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Líquido da Castanha de Caju é base para nova tecnologia

Líquido da Castanha de Caju é base para nova tecnologia

21/10/2009 19:57

Sabe aquele líquido chato que uma castanha de caju guarda? Sim, aquele corrosivo, que queima e estraga o gosto do pequeno tira-gosto. Quem diria que ele tem alguma serventia? Pesquisadores da Química e da Física trabalham no líquido da casca de castanha (LCC) como material base para produção de uma nova tecnologia que pode ser implantada em diversos eletrônicos. De telas de computadores, passando por visores de relógios, até letreiros de ônibus.

Podendo estar em todos os lugares, um dos futuros da ciência atende pela sigla OLED (Organic Light Emission Diode/Diodo Orgânico Emissor de Luz). O pequeno dispositivo já é uma das formas de produção de luz mais baratas e promissoras de nossos dias. Seu grande trunfo, porém, está em sua natureza versátil. Pode tanto absorver luz solar para gerar iluminação, como transformar energia em luminescência. A sua produção é atualmente testada e pesquisada pelo departamento de Física da Universidade Federal do Piauí.

Onde entra o LCC na história? O professor doutor em Física da UFPI, Ángel Hidalgo, explica melhor o processo. "Para que o OLED funcione, precisamos de um antioxidante. Após exaustivos estudos na tentativa de encontrar algum substrato que aumentasse o rendimento do OLED, o LCC pareceu uma ótima alternativa", conta o professor.

Aqui é apresentada a professora doutora Maria Alexandra do departamento de Química da UFPI. Ela já analisava o LCC há anos, que a serviu inclusive como objeto de estudo para o doutorado. Em sua primeira encarnação, o LCC tratado era um substrato utilizado na produção de lubrificantes e químicos da indústria do combustível. "Após tratamento, ele exerce uma função de proteção à degradação natural de material orgânica, ocasionada pela presença natural do oxigênio", aponta a professora.

Duas ciências trabalhando juntas

Com o desenvolvimento da peça sendo testada pela Física, e a produção da substância de proteção tendo sido pesquisada pela Química, tudo parece simples. E é. A função do LCC no OLED é revestir sua frágil estrutura contra do processo de desgaste que a exposição à luz, ao ar e à eletricidade. Pequeno grande desafio que custa horas de sonos aos envolvidos no projeto. Mas que traz resultados. Um deles, palpável.

Um resultado já registrado foi a participação dos estudos de produção no I CAN 2009 - 11º International Conference On Adanced Materials (11º Conferência Internacional em Materais Avançados), uma mesa redonda com vários países de tradição e ousadia na produção tecnológica. Já a outra resposta, é almejada. Talvez, a final. Se a produção for bem aceita pelo mercado e atingir níveis industriais, um exemplo clássico de como transformar estudo e pesquisa em renda é configurada.

O LCC está presente em 325 mil toneladas de produção anual de caju, provindos de 700 mil hectares de cajueiros em todo o Nordeste. Tão abundante, e tão subestimado, o pequeno substrato pode ser a mais nova jóia da coroa. Nada mal para o que, até alguns minutos atrás, era apenas um líquido chato que queima e estraga o gosto do seu tira-gosto, leitor. Certo?

Igor Prado - Bolsista Coordcom.

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