Encarar o cinema não apenas como um entretenimento, mas como uma produção artística que desencadeia discussões e reflexões sobre diversos aspectos da vida. Essa é a premissa que norteia a formação de cineclubes em diversas regiões do Brasil desde meados da década de 60. O Piauí teve uma participação efêmera nesse contexto com a criação de cineclubes como o do Colégio Diocesano, que funcionou por um curto período de tempo na década de 80.
 
Mais de 20 anos depois, a professora Adriana Galvão, do Departamento de Artes da UFPI, tenta reinserir o estado dentro do circuito cineclubista nacional. Em maio deste ano, ela idealizou o ?Movimento Pró-Cineclube?, que visava a convocar interessados em criar e levar adiante um cineclube dentro da universidade. Com uma associação inicial de pouco mais de 20 pessoas, entre professores e estudantes de diversos cursos de graduação, o Cineclube Olho Mágico foi inaugurado este mês. O projeto funciona em uma sala do Departamento de Música, onde acontecem as reuniões semanais do grupo.
 
?O objetivo de um cineclube não é apenas o de exibir e discutir filmes. Também estão entre as nossas pretensões trabalhar diretamente com a produção audiovisual: fazer filmes, realizar oficinas e contribuir para a criação de uma identidade do cinema piauiense?, explica Adriana Galvão. Nos primeiros meses de existência, no entanto, as atividades do Olho Mágico serão voltadas para a construção de um acervo próprio, exibição de filmes e adequações ao estatuto do Conselho Nacional de Cineclube.
 
Entre as especificidades que envolvem o Cineclube Olho Mágico, está a exibição de filmes que estão fora do circuito comercial, ou seja, que têm pouco espaço nas salas de cinema. Além disso, a seleção das películas exibidas vai privilegiar o dito ?cinema de arte?.
  
Ciclo Metalinguístico

A primeira exibição de filmes do Cineclube Olho Mágico é o Ciclo Metalingüístico. Iniciado na semana passada com o filme La Nuit Américaine (1973), de François Truffaut, o ciclo tem como objetivo exibir películas que abordem o cinema e sua produção. As exibições acontecem todas as quartas-feiras no auditório do Centro de Ciências da Educação (CCE), a partir das 18h15. 

Nesta semana, o longa-metragem exibido foi Blow Up (1966), do italiano Michelangelo Antonioni. Apesar de não abordar diretamente o cinema, o roteiro trata e questiona a percepção objetiva da realidade, tema que é fundamental para os que estudam a sétima arte.

Blow Out, de Brian de Palma, será exibido na próxima quarta (24)

A próxima exibição do Cineclube será Blow Out (1981), escrito e dirigido por Brian de Palma. O filme homenageia e dialoga, a partir da intertextualidade, com Blow Up, de Antonioni.

Os interessados em participar do Cineclube Olho Mágico podem entrar em contato com a professora Adriana Galvão pelo email objetosemcena@gmail.com.

Edson Costa